sábado, 19 de setembro de 2015

Bíblia e o discurso do politicamente correto

Algumas pessoas querem ler a Bíblia e fazer dela um livro de boas maneiras. Mesmo conhecendo o seu conteúdo, decidem reinterpretar o texto de forma que ele se torne bonito, inclusivista e bem aceito pela sociedade como um todo. Alegam, também, que não compactuam com a leitura das igrejas tradicionais, dos reformadores, dos pais apostólicos (e também do próprio Cristo - apesar de não dizerem isso).

Sob alegação de que as tradições da época estão intrínsecas no texto e, por isso, seria necessário retirar da lista de pecados coisas que na época não eram bem aceitas por determinados povos e que hoje em dia são socialmente aceitas por alguns grupos. O problema é que isso implicaria em apagar todas as instruções dadas por Deus em Seu livro. Grupos que hoje defendem abertamente o aborto, o homossexualismo entre outras práticas tidas como pecado desejam dizer que não é bem assim, que a sociedade da época condenava, mas que hoje é socialmente aceito. Não estou dizendo que a sociedade atual, em geral, não aceite, mas as pessoas têm o direito de viverem como desejam, todavia isso não faz da ação menos pecaminosa.

É muito mais fácil ser a favor da legalização do aborto, por exemplo, do que a favor do sexo dentro do casamento. Todavia, o aborto nada mais é do que matar alguém. Como é possível que uma pessoa que se diga como pró-vida é contra a vida desse ser? Há certeza de que ele irá nascer? De que após 9 meses de gestação viverá por mais 60, 70, 80, 90 anos? Não, claro que não. Mas isso não é menos reprovável do que puxar uma arma de fogo e atirar em alguém com 20, 30 ou sei lá quantos anos (seja pelo motivo que for). A decisão não pode ser da mãe por ser quem carregará o feto por 9 meses. Se ela e o parceiro (seja ele quem for) decidiram ter relações sexuais sem se prevenirem é problema deles (sejam eles, casados, namorados ou até desconhecidos). Não é cabível punir alguém (que nem é capaz de se defender)  por uma escolha mal feita por alguém que agiu impensadamente (ou pior, pensou que depois seria só acabar com a vida que geraria).

Esses teólogos de esquerda, ou simplesmente liberais (sim, todos eles, necessariamente, são - também - politicamente de esquerda), tentam transformar o livro sagrado em um livro de homens sobre um deus e um povo escolhido por ele. Sim, exatamente isso, apenas mais um livro religioso que não contém uma verdade absoluta. Isso faz da Bíblia um livro mentiroso, no qual não se pode confiar.

Ler a Bíblia e fazer ela dizer o que ela nunca disse é um grande erro. Gostam muito de dizer que Jesus é inclusivista que veio para os pobres, para os excluídos. Não que isso seja mentira completa, ele quebrou paradigmas. Se misturou a pessoas desprezadas pela sociedade como órfãos, viúvas, cobradores de impostos, ladrões... Ele sempre disse que não veio para os sãos, mas para os doentes (Marcos 2.17). Jesus chamou pecadores AO ARREPENDIMENTO. Para seguir a Cristo é necessário negar a si mesmo e segui-lo (Lucas 9.23). Quando digo isso quero dizer que é necessário saber-se pecador (não me refiro a um tipo de pecado específico) e lutar contra a carne que nos faz pecar. Não é porque Jesus não discriminou ninguém que ele não ordenou que não pecassem mais (ou seja, que não se entregassem a prática do pecado - João 8.11). Importante destacar que apesar de ter comido com pecadores ele nunca sentou-se com os fariseus (aqueles conhecedores da lei e que a distorciam).

O discurso de que Jesus é politicamente correto (apesar do anacronismo) é balela pura. Ele não disse que todos que são amorosos, bons, vão para o céu. Não era adepto dessa teologia universalista que crê que Deus dará um jeito de, no final, todos irem para o céu (Mateus 25.33). Vale lembrar de que ele mesmo disse que "quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha" (Mateus 12.30). Também não pregou uma "teologia social" na qual o que importa é ajudar o pobre, o necessitado (I Coríntios 13.3 e Lucas 4.4). De que adianta ganhar o mundo (riquezas, fama, sucesso) e perder a alma (Marcos 8.36-38)? Concordo que a pregação do evangelho deve vir junto com as obras que demonstram a nossa fé (Tiago 2.18), mas não se pode aceitar uma teologia que esqueça o homem como pecador, como rumo ao inferno (caso não aceite a Cristo).


Infelizmente a mídia em nossos dias apenas dá voz a líderes religiosos que são adeptos de teologia da prosperidade e outras loucuras ou a teólogos liberais que apesar do discurso aparentemente belo não é bíblico. Os teólogos sérios, que pregam a Bíblia e nada além, por não darem audiência, são menosprezados e deixados de lado. A verdade, é que a verdade (proclamada na Bíblia), não agrada. As pessoas não aceitam serem confrontadas com o evangelho pois ele as acusa, as deixa nuas, as expõe. Assim, essas pessoas são deixadas com seus pecados (Atos 28.27). Um discurso politicamente correto jamais levará alguém para o céu.


Por fim, ainda que resolvam me acusar de inveja, ou a algum teólogo reformado sério, por não estar na mídia, (não que não estejam, mas não têm toda a projeção dada em geral aos demais) digo o seguinte: não importa que saibam o meu nome ou de algum grande teólogo ou pastor como John Piper, Augustus Nicodemus, Franklin Ferreira, D. A. Carson entre tantos outros. O importante não é verem um rosto ou um nome em letras garrafais, glorificando o homem, mas conhecerem a mensagem que essas pessoas pregam, a verdade que eles declaram. Como disse João Batista "é necessário que ele cresça e que eu diminua" (João 3:30).

Nenhum comentário:

Postar um comentário