terça-feira, 22 de setembro de 2015

Desconhecimento / Descrença das Escrituras

As pessoas "cristãs" em nossos dias dizem conhecer a Bíblia, mas uma pesquisa mostra que não a conhecem, ou pior, creem que nela apenas alguma coisa é verdadeiramente crível. Conforme a pesquisa, apesar de crerem na realidade do céu após a morte, alguns acreditam que é possível alcançá-lo por outros meios que não a fé em Jesus. Importante destacar que nesse ponto a pesquisa não diz que se trata de pessoas adeptas a uma teologia liberal.

Entre outras coisas as pessoas nessa pesquisa não acreditam no inferno, veem-se como pessoas boas, e enxergam a Deus como um ser irado que pode por um pequeno pecado lançá-las no inferno (apesar de sua conversão). Para maiores curiosidades quanto a crença dessas pessoas acessem o link da pesquisa:

http://noticias.gospelprime.com.br/pesquisa-evangelicos-doutrinas-basicas/

Primeiramente, quero começar a comentar a pesquisa a partir da crença das pessoas. Não há como aceitar que alguém diga que não aceita a Bíblia como verdade e crê em parte do que ela instrui. Ou partimos do pressuposto de que ela é verdadeira ou a rejeitamos como um todo. Não há como fazer uma seleção do que é ou não válido. Também não é possível aceitar a Bíblia como um livro divinamente inspirado (2 Timóteo 3:16 e 2 Pedro 1:21) e crer que todos os demais livros religiosos o são, pois há que negar a "verdade" que consta em cada um deles.

Não há um "deus" que seja reverenciado por todas as religiões cada um a sua maneira (Tiago 2:19 e Deuteronômio 6.14), senão o que haveria seria um deus louco que para cada grupo dá mandamentos distintos, que cobra de cada um uma forma de salvar-se (e para alguns não haveria condenação). Ou cremos que há uma só vida (Hebreus 9.27) ou cremos que há a possibilidade de reencarnação.

Outra heresia aceita por alguns é que Jesus não era Deus ou não era homem de verdade. Todavia João 10.30 nos diz outra coisa "eu e o Pai somos um", bem como que ele tornou-se carne (humano) e que ele é criador e não criatura (João 1.2,14). Se Jesus não fosse Deus, não poderia perdoar pecados e nos salvar, todavia se ele não fosse humano, nós continuaríamos sendo condenados pois um ser humano tinha que pagar os pecados de sua raça. E mais, ele não poderia ter pecado, senão qualquer humano poderia pagar o preço.

O Espírito Santo, que algumas pessoas dizem ser uma energia, uma força ou qualquer outra coisa, é uma pessoa e faz parte da trindade (Mateus 28.19). Muitos pensam que ele somente agiu a partir do período do Novo Testamento, mas em todo Antigo Testamento podemos ver menção ao agir do Espírito (Gênesis 1.2 e Isaías 11.2). Da mesma forma Cristo se manifestou durante o período do Antigo Testamento, ainda que não sendo chamado de Jesus, Cristo ou messias (Gênesis 32.28, Josué 5.13-15 e João 1.3).

A salvação não vem por iniciativa própria do homem. Deus não olha com bons olhos aqueles que são "bons", porque todos pecaram e ninguém é capaz de fazer o bem (Eclesiastes 7.20, Salmos 14.3 e Romanos 7.19). Se Deus não agir não há conversão, nem arrependimento de pecados (João 16.8).

A última crença incorreta dos pesquisados é que não precisam da igreja, que o sermão ouvido não lhes impõe responsabilidade e que podem interpretar a Bíblia como bem desejarem. Se quiserem ler as Escrituras como bem desejam apenas estão cavando a própria sepultura (2 Pedro 2.12 e 2 Pedro 3.16). Quando da leitura da Bíblia deve-se fazer exegese e não eisegese, explico, devemos ir no texto e extrair deles lições que ele ensina e não criar doutrinas, ensinamentos e correr para o texto para tentar validá-los. Conforme ouvi certa vez, quem usa o texto como pretexto para seu próprio texto faz "exejegue". E isso é condenado pelas Escrituras (II Coríntios 11.4 e Gálatas 1.7). A igreja existe não porque não há salvação fora da instituição, mas porque é nela que temos comunhão, que partilhamos o pão, que somos exortados e auxiliados nos momentos difíceis e demonstramos que fazemos parte de uma família, a família de Deus (Atos 4.32, Efésios 4.2 e Filipenses 2.15).

Todo o desconhecimento das Escrituras provém, também, da falta de conhecimento da história, especialmente da história da igreja. Se todos a conhecessem, veriam que sempre houve líderes que criavam heresias que tinham que ser combatidas. Isso gerou a necessidade de elaborar os credos, que nada mais são do que as confissões de fé. Através deles podemos ler a Bíblia tendo ciência de que não estamos a interpretando de maneira aleatória (principalmente se não temos livros que nos instruam sobre cada livro da Bíblia - quem escreveu, situação histórica, para que/quem).

Hoje, com a internet podemos ler a Bíblia a partir de uma ótica correta, pois há sites diversos com material confiável e útil (claro que nem todo site é bom/confiável). Termino o texto lhe convidando a ler mais a Bíblia para conhecê-la e descobrir alguns sites bons com comentários bíblicos, artigos interessantes e relevantes, parte de história da igreja, doutrinas sólidas e firmadas nas Escrituras Sagradas e outras coisas mais para quem tem sede de buscar a Deus de maneira correta.

http://voltemosaoevangelho.com/blog/

http://www.ministeriofiel.com.br/bibliotecajoaocalvino/

http://monergismo.com/

http://tempora-mores.blogspot.com.br/


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A doutrina da Graça e o ensino do Papai Noel

Apesar de estarmos relativamente longe do natal, quero pensar no que normalmente se ensina para as crianças sobre o Papai Noel e mostrar como nossa mentalidade nos leva a não aceitarmos a doutrina da graça.

Desde pequenos somos instados a rejeitar a graça em nossas vidas. Quando crianças ouvimos a famosa frase: "se não se comportar direitinho o Papai Noel não vai trazer aquele presente que você tanto quer". Ou se não passar de ano (ou ficar com média x) não vai ganhar a viagem pra Disney nas férias. Já pela adolescência ouvimos algo semelhante: "você precisa passar no vestibular/concurso público pra ganhar um carro quando fizer 18 anos". Na televisão sempre tem uma propaganda de um carrão (ou outro bem de luxo) com a frase "quem tem fez por merecer".

Inegavelmente incorporamos a mensagem que nos é passada "o que quer que eu deseje, tenho que fazer por merecer". Se após tudo isso ouvimos a mensagem do evangelho (a verdadeira, que diz que não fazemos por merecer de maneira alguma), necessariamente, vem a mente um pensamento "está faltando algo", ou seja, eu preciso fazer por merecer a salvação.

Com isso por toda a vida quando cometemos um pecado vem aquele pensamento de que o que eu acabei de fazer me fez perder a salvação, afinal de contas, nesse momento eu não fiz por merecer. Quantas vezes me pego tomando consciência de quão pecador eu sou e por isso Deus não pode me perdoar? Creio que não seja o único. Alguns instantes depois me vem o pensamento "eu nunca mereci ser tornado filho de Deus e nunca merecerei" somente então me dou conta de que não é por algo que fiz ou deixei de fazer que me tornei mais ou menos merecedor da graça de Deus. Como bem diz Efésios 2.8-9 "pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie".

Se minha salvação dependesse dos meus esforços, dos meus méritos, das minhas obras, no momento em que a ganhasse já a perderia (Salmo 14.3). O melhor exemplo de graça é aquele no qual uma criança se esforça para passar de ano, mas é reprovada. Triste, abatida e chorosa, porque seus esforços não foram o suficiente, imagina que não ganhará nada de presente de Natal, que o "Papai Noel" não vê nela méritos. Na noite de Natal a criança ganha o presente que ela tanto desejava, apesar de não merecer. Por que isso? Porque o "Papai Noel" viu nela méritos? Não, exatamente porque não viu méritos, mas por graça, e nada mais que isso, a contempla com algo que ela não consegue alcançar por seus esforços.

Quando aplicamos isso a vida real (não que a história de uma criança não seja), podemos enxergar o seguinte: Deus nos deu a lei para cumprir. Nossos esforços sempre nos deixam aquém (Gênesis 4, I Samuel 13.9-14, Êxodo 32). Assim, foi necessário que alguém pudesse cumprir a lei em nosso lugar e, assim, pagar o preço. Importante destacar que essa pessoa não poderia ter pecado (ou estaria em transgressão com a lei), bem como não poderia ser um ser finito (já que o pecado do homem é uma ofensa infinitamente grave contra Deus) e teria, necessariamente, que ser humano porque o ser humano tinha que pagar o preço. Isso nos leva a pessoa de Cristo que sendo 100% Deus e 100% homem, nasceu sem pecado e cumpriu a lei (Mateus 5.17).  O criador se fez carne e habitou entre nós (João 1.14).

A graça nos mostra que não somos responsáveis pela nossa própria salvação. Ela vem de graça (mas por um preço extremamente alto - o sangue de Cristo na cruz). Alguns dizem que já que Jesus cumpriu a lei não precisamos mais cumpri-la. Em parte, isso é verdade. Não dependemos mais do cumprimento da lei para sermos salvos, mas, se somos salvos, cumprimos a lei por amor a Cristo. O motivo do cumprimento da lei muda, não a necessidade de cumpri-la (Tiago 2.22). Um exemplo disso é o casamento. Ninguém, em sã consciência, casa e anda com uma lista de obrigações ou de proibições a serem cumpridas. A pessoa, por exemplo, não se envolve em um relacionamento extraconjugal porque ama a seu cônjuge e não porque faz parte do "contrato". Se for o caso de apenas "cumprir o contrato" com certeza, ela deixará de cumpri-lo quando tiver uma chance.

Se somos verdadeiramente salvos, nosso amor, nossa gratidão a Deus será tão grande que teremos prazer em agradá-lo, em cumprir seus mandamentos, não porque eu tenho que fazer por merecer, mas exatamente porque sei que não mereço e, ainda assim, sou agraciado com tão grande benção.

Por esses motivos temos que ter cuidado com o que ensinamos para as crianças pois, sem querer, desde pequenos aprendemos a rejeitar a doutrina da graça. Quanto a ensinar sobre o "Papai Noel" não me manifestarei neste momento. Por fim, deixo o ensinamento que nunca podemos esquecera graça é de graça e se não é de graça, posso dar qualquer outro nome que não seja graça.

sábado, 19 de setembro de 2015

Bíblia e o discurso do politicamente correto

Algumas pessoas querem ler a Bíblia e fazer dela um livro de boas maneiras. Mesmo conhecendo o seu conteúdo, decidem reinterpretar o texto de forma que ele se torne bonito, inclusivista e bem aceito pela sociedade como um todo. Alegam, também, que não compactuam com a leitura das igrejas tradicionais, dos reformadores, dos pais apostólicos (e também do próprio Cristo - apesar de não dizerem isso).

Sob alegação de que as tradições da época estão intrínsecas no texto e, por isso, seria necessário retirar da lista de pecados coisas que na época não eram bem aceitas por determinados povos e que hoje em dia são socialmente aceitas por alguns grupos. O problema é que isso implicaria em apagar todas as instruções dadas por Deus em Seu livro. Grupos que hoje defendem abertamente o aborto, o homossexualismo entre outras práticas tidas como pecado desejam dizer que não é bem assim, que a sociedade da época condenava, mas que hoje é socialmente aceito. Não estou dizendo que a sociedade atual, em geral, não aceite, mas as pessoas têm o direito de viverem como desejam, todavia isso não faz da ação menos pecaminosa.

É muito mais fácil ser a favor da legalização do aborto, por exemplo, do que a favor do sexo dentro do casamento. Todavia, o aborto nada mais é do que matar alguém. Como é possível que uma pessoa que se diga como pró-vida é contra a vida desse ser? Há certeza de que ele irá nascer? De que após 9 meses de gestação viverá por mais 60, 70, 80, 90 anos? Não, claro que não. Mas isso não é menos reprovável do que puxar uma arma de fogo e atirar em alguém com 20, 30 ou sei lá quantos anos (seja pelo motivo que for). A decisão não pode ser da mãe por ser quem carregará o feto por 9 meses. Se ela e o parceiro (seja ele quem for) decidiram ter relações sexuais sem se prevenirem é problema deles (sejam eles, casados, namorados ou até desconhecidos). Não é cabível punir alguém (que nem é capaz de se defender)  por uma escolha mal feita por alguém que agiu impensadamente (ou pior, pensou que depois seria só acabar com a vida que geraria).

Esses teólogos de esquerda, ou simplesmente liberais (sim, todos eles, necessariamente, são - também - politicamente de esquerda), tentam transformar o livro sagrado em um livro de homens sobre um deus e um povo escolhido por ele. Sim, exatamente isso, apenas mais um livro religioso que não contém uma verdade absoluta. Isso faz da Bíblia um livro mentiroso, no qual não se pode confiar.

Ler a Bíblia e fazer ela dizer o que ela nunca disse é um grande erro. Gostam muito de dizer que Jesus é inclusivista que veio para os pobres, para os excluídos. Não que isso seja mentira completa, ele quebrou paradigmas. Se misturou a pessoas desprezadas pela sociedade como órfãos, viúvas, cobradores de impostos, ladrões... Ele sempre disse que não veio para os sãos, mas para os doentes (Marcos 2.17). Jesus chamou pecadores AO ARREPENDIMENTO. Para seguir a Cristo é necessário negar a si mesmo e segui-lo (Lucas 9.23). Quando digo isso quero dizer que é necessário saber-se pecador (não me refiro a um tipo de pecado específico) e lutar contra a carne que nos faz pecar. Não é porque Jesus não discriminou ninguém que ele não ordenou que não pecassem mais (ou seja, que não se entregassem a prática do pecado - João 8.11). Importante destacar que apesar de ter comido com pecadores ele nunca sentou-se com os fariseus (aqueles conhecedores da lei e que a distorciam).

O discurso de que Jesus é politicamente correto (apesar do anacronismo) é balela pura. Ele não disse que todos que são amorosos, bons, vão para o céu. Não era adepto dessa teologia universalista que crê que Deus dará um jeito de, no final, todos irem para o céu (Mateus 25.33). Vale lembrar de que ele mesmo disse que "quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha" (Mateus 12.30). Também não pregou uma "teologia social" na qual o que importa é ajudar o pobre, o necessitado (I Coríntios 13.3 e Lucas 4.4). De que adianta ganhar o mundo (riquezas, fama, sucesso) e perder a alma (Marcos 8.36-38)? Concordo que a pregação do evangelho deve vir junto com as obras que demonstram a nossa fé (Tiago 2.18), mas não se pode aceitar uma teologia que esqueça o homem como pecador, como rumo ao inferno (caso não aceite a Cristo).


Infelizmente a mídia em nossos dias apenas dá voz a líderes religiosos que são adeptos de teologia da prosperidade e outras loucuras ou a teólogos liberais que apesar do discurso aparentemente belo não é bíblico. Os teólogos sérios, que pregam a Bíblia e nada além, por não darem audiência, são menosprezados e deixados de lado. A verdade, é que a verdade (proclamada na Bíblia), não agrada. As pessoas não aceitam serem confrontadas com o evangelho pois ele as acusa, as deixa nuas, as expõe. Assim, essas pessoas são deixadas com seus pecados (Atos 28.27). Um discurso politicamente correto jamais levará alguém para o céu.


Por fim, ainda que resolvam me acusar de inveja, ou a algum teólogo reformado sério, por não estar na mídia, (não que não estejam, mas não têm toda a projeção dada em geral aos demais) digo o seguinte: não importa que saibam o meu nome ou de algum grande teólogo ou pastor como John Piper, Augustus Nicodemus, Franklin Ferreira, D. A. Carson entre tantos outros. O importante não é verem um rosto ou um nome em letras garrafais, glorificando o homem, mas conhecerem a mensagem que essas pessoas pregam, a verdade que eles declaram. Como disse João Batista "é necessário que ele cresça e que eu diminua" (João 3:30).